4 maio

Após inundações, infraestrutura do Rio Grande do Sul está comprometida

As chuvas que castigam o Rio Grande do Sul desde o início da semana afetaram severamente a infraestrutura do estado. A mobilidade está comprometida com o alagamento de cidades inteiras, bloqueio de estradas e, ontem, com o cancelamento dos voos que chegam e partem do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre. A ameaça de rompimento de um dique perto do terminal aeroportuário fez a concessionária Fraport Brasil suspender, até amanhã, as operações de pousos e decolagens. Ontem, pelo menos 17 voos foram cancelados.

Consideradas o pior desastre climático da história do estado, as tempestades derrubaram pontes, destruíram estradas, causaram deslizamentos, danificaram linhas de transmissão de energia e antenas de telecomunicações e deixaram barragens de usinas hidroelétricas em estado de atenção. Além das perdas de vidas, o estado está cada vez mais isolado. Até mesmo Porto Alegre, a capital do estado, corre o risco de ficar ilhada e enfrentar problemas de desabastecimento.

A Rodoviária Intermunicipal de Porto Alegre amanheceu, ontem, debaixo d’água, com boa parte das ligações rodoviárias interrompidas. No transporte coletivo, poucas linhas de ônibus circularam ao longo do dia. A Trensurb, que opera o transporte público ferroviário, parou todos os trens, na tarde de ontem, depois de ver parte das vias invadidas pelas águas.

Com muitas rodovias interrompidas por inundações, queda de barreiras e pontes destruídas, é grande o número de municípios isolados. A capital, em que o prefeito apelava à população para evacuar o centro da cidade, perdeu a ligação com a região sul do estado após o bloqueio da BR-116 pela interdição das duas pontes sobre o Guaíba, depois que embarcações se chocaram contra a estrutura.

Nas rodovias estaduais, o último levantamento indicava 147 trechos de 63 estradas com bloqueios totais ou parciais. As informações do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) do estado incluem as rodovias concedidas. A dificuldade de acesso às cidades mais atingidas representa o principal desafio para as equipes de resgate e redes de abastecimento de alimentos e remédios, neste momento. Em muitos municípios, há falta de produtos básicos nos supermercados e de combustíveis nos postos de abastecimento.

“A Secretaria de Logística e Transporte já trabalha sobre as estradas críticas, com plano de ação sendo desenvolvido com apoio do Grupamento de Engenharia do Exército para que tenhamos o restabelecimento das principais vias. São (cerca de) 150 pontos interrompidos por deslizamentos ou por pontes que foram levadas. Não vai dar para consertar tudo”, admitiu o governador gaúcho, Eduardo Leite.

Em todo o estado, por segurança, as distribuidoras têm interrompido o fornecimento de energia para as áreas alagadas. Com o agravamento da cheia em Porto Alegre, a distribuidora CEEE Equatorial desligou, ontem, toda a energia da região central da capital, deixando mais de 4 mil moradias sem luz. No balanço de ontem, pelo menos 50 mil residências em mais de 30 cidades atendidas pela concessionária estavam sem energia.

A crise também preocupa as geradoras de energia porque algumas usinas hidrelétricas do estado estão instaladas nas bacias dos rios Jacuí e Taquari-Antas, as mais ameaçadas pelo alto volume de água nos reservatórios. Por segurança, as usinas tiveram que ser desligadas, comprometendo ainda mais o abastecimento da população. Com o rompimento de algumas linhas de transmissão e o desligamento de usinas nas áreas afetadas, o Operador Nacional do Sistema (ONS) determinou a entrada em operação das termelétricas de Canoas e de Candiota, na região metropolitana de Porto Alegre, e a importação de até 390 megawatts de energia do Uruguai.

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