10 ago

Veja o que é #FATO ou #FAKE no 1º debate entre os candidatos à Prefeitura de SP

O primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo aconteceu na noite desta quinta-feira (8). Promovido pela TV Bandeirantes, o encontro reuniu Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB).

A equipe do Fato ou Fake checou as principais declarações do candidato. Leia:

Guilherme Boulos (PSOL)

“O prefeito [Ricardo Nunes] está sendo acusado de receber cheque, rachadinha de volta de creche. Está sendo investigado pela Polícia Federal por causa disso. Ele tem a rachadinha própria dele, e vem querer falar aqui dos outros.”

Não é bem assim — Foto: G1

#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Em julho deste ano, a PF pediu autorização da Justiça para continuar investigando o suposto envolvimento da empresa da mulher e da filha de Ricardo Nunes no relatório final da Operação Day Care, que apura o desvio dinheiro público de creches conveniadas da Prefeitura de São Paulo. A PF já indiciou 116 pessoas na conclusão do inquérito, mas Nunes não faz parte desse grupo.

Os investigadores identificaram um cheque de R$ 31,5 mil para a conta do prefeito. O valor saiu da conta de uma das empresas investigadas por emitir notas frias.

Leia a nota da assessoria do prefeito Ricardo Nunes sobre o caso:

“Boulos mente. Não há nenhuma investigação da Polícia Federal contra o prefeito Ricardo Nunes. O inquérito da chamada Máfia das Creches foi concluído com mais de 100 indiciados, e o prefeito não é um deles. Após a divulgação de um vídeo de uma dessas indiciadas, com acusações ao prefeito, foi a defesa de Ricardo Nunes que pediu instauração de inquérito para esclarecimento dos fatos e investigação de uma possível armação.”

“O atual prefeito, Ricardo Nunes, foi o único prefeito desde a Marta [Suplicy] que não entregou nenhum CEU. Nenhum. Tinha 12 no plano de metas dele. Não entregou nenhum – iniciou obra de cinco.”

Fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: A gestão de Marta Suplicy (2001-2004) entregou 24 unidades do Centro de Educação Unificado. A gestão José Serra (2005-2006) e Gilberto Kassab (2006-2012) entregou 24 CEUs. Fernando Haddad (2013-2016) inaugurou apenas uma unidade. A gestão João Doria e Bruno Covas (2017-2020) inaugurou 12 CEUs. O plano de metas da gestão Bruno Covas (falecido em 2021) e Ricardo Nunes prevê, até 2024, a inauguração de 12 novas unidades, segundo o Programa de Metas 2021-2024. Em março deste ano, uma publicação no site da Prefeitura menciona 5 CEUs (Cidade Ademar, Cidade Líder, Ermelino Matarazzo, Grajaú e Imperador) em construção, como parte de um primeiro lote do modelo de Parceria Público-Privada (PPP) assinado entre a Prefeitura e a concessionária Integra.

José Luiz Datena (PSDB)

“Ele [Ricardo Nunes] não completou nem o mínimo dos 40 quilômetros de vias de ônibus.”

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: O Programa de Metas 2021-2024 da Prefeitura de São Paulo prevê, de fato, viabilizar 40 quilômetros de novos corredores de ônibus até este ano e a execução está bem abaixo. Segundo o relatório anual de monitoramento do programa da própria Prefeitura, até 2023 foram 6,8 novos quilômetros de corredores de ônibus viabilizados (trechos com obras iniciadas).

“Começa com o prefeito, que não cumpriu metade das metas expostas pelo Bruno Covas.”

Informação não é bem assim — Foto: G1

#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Levantamento do g1 publicado em 20 de julho aponta que, em três anos e meio de gestão Bruno Covas/Ricardo Nunes na Prefeitura de São Paulo, foram cumpridas 48% de 58 promessas feitas durante a campanha eleitoral, em 2020. Outras 36% foram cumpridas em parte. E nove não foram cumpridas.

O levantamento acompanha 58 promessas referentes a administração pública, direitos humanos, economia, educação e cultura, habitação, infraestrutura, meio ambiente, mobilidade urbana, saúde e segurança pública.

Entre 1º de janeiro de 2021 e julho de 2024:

28, ou 48%, das promessas foram cumpridas 21, ou 36%, foram cumpridas em parte 9, ou 15,5%, não foram cumpridas

Um outro levantamento, publicado em abril de 2024, aponta que 32 das 86 metas foram concluídas. O balanço aponta dados atualizados até o fim de 2023 e foi publicado em abril pela administração municipal.

Procurada, a assessoria da Prefeitura afirma que a atualização do site oficial é feita semestralmente. “Até o final da gestão, teremos o maior percentual de metas cumpridas historicamente, com medição desde 2008.”

Pablo Marçal (PRTB)

“Quatro milhões de pessoas em situação de miserabilidade nessa cidade”

Selo Fake — Foto: Selo Fake

A declaração é #FAKE. Veja por quê: Segundo estudo divulgado em fevereiro deste ano pela Fundação Seade SP, órgão estadual que produz e analisa dados econômicos e demográficos paulistas, a cidade de São Paulo possuía 1,9 milhão de pessoas em situação de pobreza, com outras 360 mil em situação de extrema pobreza. Em ambos os casos, são as maiores populações nesta situação em termos absolutos em todo o estado.

O candidato não explicou o que seria “situação de miserabilidade”, mas as pessoas inscritas no Cadastro Único que podem receber Bolsa Família são aquelas cuja renda familiar per capita mensal seja de no máximo 218 reais.

Segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento Social, que gere o Cadastro Único do governo federal, havia 1,64 milhão de pessoas nesta situação na capital paulista em julho deste ano.

Já as pessoas “inscritas no Cadastro Único em famílias com renda per capita mensal até meio salário mínimo” na capital paulista somavam 2,57 milhões no último mês.

“Só tem um prefeito do PSOL no país. Com reprovação de 70%”

Selo Não é Bem Assim — Foto: Selo Não é Bem Assim

#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Nas eleições de 2020, o PSOL elegeu cinco prefeitos no Brasil. Entretanto, somente uma dessas prefeituras é uma capital, Belém, governada por Edmilson Rodrigues (PSOL). Em março deste ano é #FATO que ele teve 75% de desaprovação.

As outras prefeituras onde o PSOL elegeu prefeitos em 2020 são Marabá Paulista (SP), Potengi (CE), Ribas do Rio Pardo (MS) e Janduís (RN).

“Nós temos 2,2 milhões de empresas na cidade de São Paulo”

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: Segundo o Mapa de Empresas do governo federal, que utiliza informações da Base de Dados do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), em junho deste ano a cidade de São Paulo possuía 2.105.852 empresas ativas. Desde o começo do ano, foram abertas 35.255 empresas na cidade e extintas 16.904 empresas.

“Aumento de 23% na situação de rua das pessoas desde dezembro do ano passado até agora. Tem mais de 80 mil pessoas em situação de rua em São Paulo”

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: A cidade de São Paulo atingiu no último mês de junho o total de 80.369 pessoas vivendo em situação de rua, segundo reportagem do G1 mostrando um levantamento do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Os dados apontam aumento de 24% em relação a dezembro de 2023, quando o levantamento contabilizava um total de 64.818 pessoas nessa situação pelas ruas da capital.

Os números do OBPopRua são extraídos do Cadastro Único (CadÚnico), base de dados do governo federal para recebimento de benefícios sociais, atualizados pelas próprias prefeituras, através dos chamados CRAS (Centros de Referência em Assistência Social).

Ricardo Nunes (MDB)

“Está acontecendo hoje, só pra você ter ideia, 1.425 obras. Só aquelas acima de R$ 500 mil (meio milhão de reais)”

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: A Secretaria Executiva de Planejamento e Entregas Prioritárias informou que, atualmente, mais de 1.400 obras com valor superior a R$ 500 mil estão em andamento na cidade.

Após o debate, no entanto, a prefeitura indicou o site de acompanhamento da própria gestão municipal, o Obras Abertas. A base de dados completa do portal traz somente 452 obras.

A assessoria do prefeito alegava que as obras de outras secretarias não estão no site. E, nesta sexta, apresentou a indicação de mais de 1.400 obras com valor superior a R$ 500 mil em andamento, de acordo com a Secretaria Executiva de Planejamento e Entregas Prioritárias.

Em razão dos novos números, o selo passa de #NÃOÉBEMASSIM para #FATO. A atualização foi feita às 20h23 desta sexta-feira (9).

“O apresentador José Luiz Datena já foi condenado por imputar crime a pessoas inocentes. Eu quero repetir: o apresentador José Luiz Datena já foi condenado por imputar crimes a pessoas inocentes.

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: Minutos após a declaração de Nunes, no mesmo debate, Datena afirmou a Nunes: “O senhor disse que eu fui condenado em vários processos. Fui sim. Principalmente condenado acusando bandidos que teriam cometido crimes que na realidade julgados pela Justiça foram considerados, alguns, inocentes. Toda decisão judicial é justa.” A declaração de Nunes não deixa claro a que decisão ele se refere. É possível encontrar em sites de tribunais de justiça registros de processos em que Datena foi condenado, cabendo recurso ou não.

“Quando você entrava em um equipamento de urgência e emergência com infarto, 30% das pessoas iam a óbito. Um procedimento que a gente adotou, um protocolo que adotamos, com aplicação do trombolítico, caiu para 4%”

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: Existe uma estimativa de que, com a implementação de um protocolo único para as unidades de saúde municipal, que vem sendo estruturado nos serviços de urgência e emergência da rede municipal na última década, o número de óbitos decorrentes de infarto agudo do miocárdio na rede tenha sido reduzido de 30% para 4%. A linha de cuidado prevê que a rede municipal garanta que as pessoas que sofreram infarto agudo recebam um medicamento trombolítico (que dissolvem coágulos sanguíneos) ainda na rede pré-hospitalar, com a cobertura dos custos garantida pelo município. Uma linha de cuidado para infarto agudo do miocárdio lançada pelo Ministério da Saúde em 2021 previa o uso de trombolíticos entre as estratégias para “aprimorar o atendimento e tratamento para combater a principal causa de morte no país.” Há registros que mostram que um medicamento similar ao usado pela prefeitura chegou a ser incluído em 2011 pelo SUS.

“Em 2016, o Orçamento da saúde era de R$ 10 bilhões; nós passamos para R$ 20 bilhões, nós dobramos o orçamento da saúde”

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: Em 2016, até o último bimestre, tinham sido empenhados (valores reservados) R$ 10,2 bilhões em despesas totais com saúde na cidade de São Paulo, de acordo com Demonstrativos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) apresentados pela Prefeitura. Em 2021, quando Ricardo Nunes, que era vice-prefeito de Bruno Covas, assumiu a Prefeitura, o empenho total em saúde foi de R$ 15,7 bilhões. Em 2022 e 2023, com Nunes inteiramente à frente da Prefeitura de São Paulo, os empenhos foram de R$ 18,1 bilhões e R$ 20,4 bilhões, respectivamente. Em 2024, até o terceiro bimestre, as despesas totais empenhadas com saúde foram de R$ 15,4 bilhões.

Tabata Amaral (PSB)

“O candidato que está ao meu lado [Pablo Marçal] foi condenado por formação de quadrilha no esquema de fraudes bancárias. Eu queria saber o que ele fará pra proteger os idosos que vivem caindo em golpes de WhatsApp como esse. Ele também é investigado pela Polícia Federal por falsidade ideológica, apropriação indébita e lavagem de dinheiro.”

Informação não é bem assim — Foto: G1

#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Em abril de 2010, Marçal foi condenado pela Justiça Federal de Goiás a dois anos e seis meses de prisão por integrar um grupo responsável por fraudes bancárias que envolviam obter dados de contas das vítimas para acesso a home banking. Apesar dos demais envolvidos terem sido condenados por crimes que incluíam formação de quadrilha, Marçal foi enquadrado apenas em furto qualificado, que resultou em uma pena que ele não chegou a cumprir.

Segundo a sentença do juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima, Marçal – então com menos de 18 anos – “não era o responsável pela concretização material dos furtos cibernéticos sob foco, em prol da quadrilha por ele integrada. Porém, o réu cuidava da manutenção dos equipamentos de informática do grupo criminoso, além de realizar a captação de listas de e-mails para a quadrilha.”

Em um vídeo publicado em 2022 em suas redes sociais, Marçal relata o que chamou de “a prisão da sobrevivência”. Ele afirma no vídeo que consertava computadores para um “cara da igreja”, que “os computadores ficavam rodando” e que “ia lá, só consertava e ia embora.” Ele diz que todas as pessoas “nessa situação foram condenadas e cumpriram pena”, mas ele foi o único que teve “extinção da punibilidade” e que não tem “nenhuma dívida com o Estado.”

Já em julho de 2023, Marçal foi um dos alvos de uma operação da Polícia Federal em São Paulo. A operação foi parte de uma investigação para apurar crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita eleitoral e lavagem de dinheiro ocorridas durante as eleições de 2022.

“Sou autora de projetos importantes, como o Pé-de-Meia e a distribuição de absorventes nas escolas.”

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: O chamado Pé-de-Meia é um programa criado este ano que prevê uma espécie de poupança para estudantes do Ensino Médio. O objetivo é fornecer um incentivo financeiro para estudantes de baixa renda permanecerem estudando, combatendo a evasão escolar.

Segundo os registros da Câmara dos Deputados, o projeto que deu origem à lei 14.818/24 foi o de número 54/2021, apresentado pela deputada Tabata Amaral e com 17 coautores.

A deputada Tabata Amaral também apresentou duas propostas relativas à distribuição de absorventes. A primeira, o PL 428/2020, previa que fosse realizada “a distribuição de absorventes higiênicos em espaços públicos de acordo com as normas regulamentadoras.”

Em maio de 2021, quando outra proposta, da então deputada Marília Arraes (PT-PE) já era analisada na Câmara e havia recebido parecer favorável em uma das comissões da Casa, Tabata apresentou um segundo projeto, o PL 1.999/21, mais focado na possibilidade de distribuição dos absorventes em ambientes escolares.

Os dois projetos apresentados pela agora candidata a prefeita foram “apensados” ao texto apresentado em 2019. No jargão do Congresso, “apensar” um projeto a outro é fazer com que a proposta seja analisada juntamente com outro projeto de tema parecido ou associado. Na prática, foram 14 os projetos apresentados sobre o tema da distribuição de absorventes, entre 2019 e 2021, que tramitaram apensados ao primeiro.

Quando isso ocorre, é comum que o conteúdo dos projetos anexados depois seja incorporado ao texto do original. No fim, no entanto, apenas um projeto, em geral o que tramita há mais tempo, é efetivamente aprovado. Neste caso, os registros oficiais sobre o projeto que deu origem ao Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual fazem menção ao PL 4.968/19, de Arraes, e não ao PL 1.999/21, de Tabata.

Mais recente Próxima Nunes alvo, Marçal ‘franco atirador’ e Datena ‘despolarizado’: como foi o debate da Band em SP

9 ago

Nunes alvo, Marçal ‘franco atirador’ e Datena ‘despolarizado’: como foi o debate da Band em SP

O primeiro debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, realizado nesta quinta-feira na Band, trouxe o atual prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) como principal alvo da noite. O emedebista respondeu principalmente a acusações do empresário Pablo Marçal e do deputado Guilherme Boulos (PSOL), além de sofrer ataques do apresentador José Luiz Datena (PSDB).

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Além disso, o debate trouxe momentos Marçal nervoso e disparando ofensas de baixo nível aos oponentes, incluindo a deputada federal Tabata Amaral (PSB).

Nunes tentou rebater acusações listando os feitos de sua gestão. Boulos alternou momentos em que falou de propostas e atacou o prefeito. O psolista ainda repetiu seu mantra de que a cidade “precisa de mudança”, sugerindo que Nunes é um prefeito que “só aparece de quatro em quatro anos”.

Veja os principais pontos do debate.

Fuga da polarização

Já Datena optou por uma estratégia de fugir da polarização política. Ele insistiu que Nunes apenas repete o discurso de Bolsonaro, seu apoiador, e que Boulos faria o mesmo em relação a Lula, acrescentando que a polarização não faz bem a São Paulo. Ele também insistiu na tecla da segurança pública, tema em que se destaca por sua experiência na televisão e criticou a gestão do prefeito:

— No meu governo ninguém vai sentar a bunda em ônibus do PCC — disse o apresentador, referindo-se à operação deflagrada neste ano pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) contra duas organizações suspeitas de lavar dinheiro para o PCC por meio do transporte público na capital paulista. — Se provarem as mentiras (de Nunes) nas obras de licitação, ele vai para a cadeia.

Provocações

Tabata tentou em mais de uma oportunidade destacar suas propostas para a cidade e projetos que apresentou no Congresso. Para não ficar alheia à troca de tiros, também partiu para o ataque trazendo à tona uma sentença contra Marçal (cuja pena veio a ser extinta) e boletim de ocorrência registrada pela mulher de Nunes contra o emedebista por ameaça.

— Não há condenação — disse Marçal, antes de disparar ofensas contra a deputada, com quem vem travando um embate pelas redes sociais nas últimas semanas. — Você que é parachoque de comunista não vai direcionar nenhuma pergunta para o Boulos. Você que é um candidato fantoche.

‘Franco atirador’

Marçal, mesmo quando perguntado por Nunes sobre suas propostas para a cidade, manteve o tom bélico e disse que “minha proposta é tirar você da prefeitura”. Fenômeno de popularidade nas redes sociais, ele chamou a atenção no debate por fazer acusações pesadas aos adversários, no estilo “franco atirador”. Na convenção realizada pelo PRTB no domingo, o empresário disse que revelaria no debate dois candidatos que “cheiram cocaína” — sem, no entanto, apresentar provas.

No primeiro bloco, Marçal chamou Tabata de “adolescente” que “precisa amadurecer”, disse que Boulos seria “apoiador do Hamas” e um “comedor de açúcar que não cuida da própria saúde” e que estaria “de saco cheio”.

Ao final do primeiro bloco, Tabata provocou Marçal perguntando sobre a Operação Urbana Água Branca, proposta de intervenção urbana na região na Zona Oeste de São Paulo; ele mostrou desconhecimento:

— Pode me esclarecer o que é?

No final do bloco inicial, Boulos, em direito de resposta após a acusação de Marçal, disse que iria publicar nas redes sociais uma sentença de condenação judicial contra o empresário — pouco antes, o adversário havia dito que abandonaria a disputa se alguém apresentasse a condenação.

Nunes como alvo

Os candidatos responderam a perguntas dos jornalistas no segundo bloco sobre temas que concentraram em segurança, educação e mobilidade — e os ataques continuaram tendo Nunes como alvo principal. Boulos afirmou que Nunes seria arrogante por não reconhecer o problema da segurança e incompetente para solucioná-lo. Datena disse que “esse aí” (em referência a Nunes) tem “suspeita de envolvimento com o PCC no transporte público”.

O empresário, perguntado no segundo bloco sobre trânsito e mobilidade urbana, voltou a defender um projeto de teleféricos nas comunidades que, segundo ele, funcionaria em outras cidades. Também disse que aumentaria a velocidade das Marginais e que implementaria a conversão livre à direita, como nos EUA. Nunes, em seguida, disse que “não dá nem para comentar” a proposta dos teleféricos.

Os mais buscados

Como atração, a Band exibe também um painel com ranking de buscas no Google sobre os candidatos. No início do debate, Marçal era o mais buscado, seguido por Boulos, Nunes, Datena e Tabata.

Clima quente nos bastidores

O clima foi quente também nos bastidores. A mulher de Ricardo Nunes, Regina Nunes, se exaltou quando Tabata Amaral perguntou se o prefeito havia agredido a sua esposa.

— Deixa minha família em paz! Mulher atacando mulher — reagiu Regina, que estava na plateia.

Ela se levantou e teve que ser contida por assessores por duas vezes. A produção chegou a pedir silêncio na plateia. Nunes, por sua vez, pediu “respeito” e falou que “não pode ser vale tudo numa campanha”. Do púlpito, o emedebista fez um gesto a sua esposa, pedindo calma.

A pré-candidata Marina Helena (Novo), ausente do debate, organizou um protesto do lado de fora dos estúdios.

Mais recente Próxima Primeiro debate para prefeitura do Rio tem ataque coordenado de bolsonaristas a Paes e embate sobre segurança

8 ago

Inclusão produtiva e a crise do clima

VIVIANNE NAIGEBORIN — Superintendente da Fundação Arymax e MARCELO FURTADO —H ead de sustentabilidade da Itaúsa, diretor-executivo do Instituto Itaúsa e diretor da Nature Finance

As mudanças climáticas têm pautado o dia a dia do país e do mundo, com impactos gigantescos em todas as sociedades, como assistimos no caso do sul do Brasil. Não é mais possível dissociar esse tema da transição para a sustentabilidade, seja de um país, um setor ou uma corporação, e da garantia de condições de vida no futuro. O enfrentamento às mudanças climáticas exige uma reflexão sobre tecnologia, finanças, infraestrutura, mobilidade e cultura, além das questões ambientais. Entretanto, qualquer estratégia somente terá êxito se incluir um olhar social e humano nessa trajetória. Especialmente no contexto de uma crise climática que tem registrado tragédias em níveis local e internacional, cada vez mais intensas e frequentes, uma perspectiva econômica que considere a justiça social é inevitável e urgente.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que representa mais de 4 mil cientistas e 195 países, vem alertando para a forma como as mudanças climáticas têm atingido especialmente as pessoas mais vulneráveis e os ecossistemas mais frágeis. Falta ainda, porém, a definição de ações sobre o foco humano no debate da transição sustentável, como equidade, inclusão, acesso a recursos, capacitação e outros. A sustentabilidade somente será uma realidade se passar pela redução das desigualdades sociais, processo para o qual a inclusão produtiva digna de pessoas em vulnerabilidade é uma etapa importante. Além disso, o desenvolvimento da economia verde em alinhamento com oportunidades socioeconômicas pode contribuir para o enfrentamento das desigualdades.

O Brasil tem vantagens competitivas e comparativas no desenvolvimento de uma bioeconomia positiva para o clima, natureza e pessoas. Essa é certamente uma das grandes motivações que levou o país a propor este ano a Iniciativa de Bioeconomia do G20. A bioeconomia representa a possibilidade de um futuro rico em oportunidades de investimento e desenvolvimento, geração de emprego e renda.

O estudo Inclusão Produtiva e Transição para a Sustentabilidade: Oportunidades para o Brasil, realizado pelo Instituto Veredas a pedido da Fundação Arymax, B3 Social, Instituto Golden Tree e do Instituto Itaúsa, se debruçou sobre o tema e indica 19 áreas para o desenvolvimento dessa nova economia com potencial de ações de inclusão produtiva digna. Foram localizadas oportunidades nos setores de sistemas alimentares e de uso da terra, indústria, energia, cidades e infraestrutura no Brasil.

Com ações intersetoriais, o país pode ter condições de aproveitar plenamente a transição para a sustentabilidade sem deixar ninguém para trás. São aspectos que não podemos ignorar se quisermos avançar, de fato, como um país comprometido com um modelo econômico que seja sustentável, responsável e justo não só com nossos recursos, mas também com nossos cidadãos. Há papel para todos nesse processo e são urgentes políticas públicas e iniciativas privadas para criar meios de incluir produtivamente a população, especialmente os mais vulneráveis.

As empresas têm responsabilidade fundamental nesse processo, como, por exemplo, em identificar e investir na capacitação e nas competências que serão necessárias na transição para um novo modelo econômico. É fundamental, também, que atuem pelo desenvolvimento sustentável dos territórios em que estão inseridas, que promovam a apropriação justa dos benefícios pelos envolvidos nos diferentes elos de produção e que fomentem a inserção de micro e pequenas empresas em seus arranjos produtivos, entre outras medidas.

Já aos governos, cabe a formulação de políticas públicas que possam promover o direcionamento estratégico de um projeto de transição positivo para o clima, a natureza e as pessoas. É fundamental, também, a criação de critérios para os investimentos e tecnologias prioritárias, um ambiente favorável para que diferentes setores possam somar esforços no processo de transição. O poder público deve manter um olhar de longo prazo e estabelecer sistemas de desenvolvimento de capacidades que antecipem e respondam às demandas da transição, avançando na adoção de uma abordagem adaptativa para a proteção social do país.

O processo de transição para a sustentabilidade terá mais sucesso se conseguir posicionar os diferentes atores envolvidos na exploração da terra e na proteção do meio ambiente, falando uma língua comum, que tenha o enfrentamento à pobreza e às desigualdades sociais como missão prioritária. Para tal, é preciso criar caminhos em que a sustentabilidade também garanta a inclusão produtiva. As oportunidades são muitas e oferecem ao país a chance de ocupar um lugar de protagonismo nas economias do futuro, levando cada cidadão junto para essa perspectiva promissora.

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7 ago

Eduardo Paes vive teste como líder partidário mirando disputa estadual

As eleições municipais deste ano viraram um teste para o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), como liderança partidária na articulação da sigla no estado.

Paes conduz as negociações do PSD visando sua reeleição na capital, mas tem buscado definir apoios que criem pontes para uma eventual candidatura ao governo estadual em 2026.

Ele afirmou nesta segunda-feira (5) que cumprirá todo o mandato caso seja reeleito. Contudo, a disputa pela Palácio Guanabara não está fora do radar. A própria estrutura da prefeitura tem desempenhado papel na ampliação de sua atuação.

Esta é a primeira eleição municipal na qual Paes comanda discussões partidárias. Nas disputas anteriores, pelo MDB e DEM, o prefeito tinha outras lideranças que tomavam a dianteira desse papel. Neste ano, é dele a palavra final nas negociações, algumas travadas pelo deputado Pedro Paulo (PSD), seu braço direito e presidente do PSD-RJ.

A principal dificuldade de Paes nas articulações é desfazer a imagem entre as lideranças políticas fluminenses de que é pouco confiável no cumprimento de acordos e que resiste a abrir espaços relevantes para nomes de fora de seu grupo.

A escolha do ex-secretário Eduardo Cavaliere para a vice, deixando Pedro Paulo fora da vaga, reforçou a imagem ruim entre políticos fluminenses. A avaliação de parte da classe é de que o prefeito abandonou o braço-direito de três décadas para evitar correr um risco considerado pequeno na candidatura à reeleição causado por um vídeo íntimo do deputado.

A desconfiança da política fluminense foi verbalizada à Folha em abril pelo presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União Basil), potencial adversário no pleito de 2026.

“Eu disse a ele [Paes]: ‘Nunca falei abertamente que eu quero disputar 2026, mas o cara que mais me coloca hoje como candidato é você’. Ele falou: ‘Por que isso?’. ‘Porque grande parte dos teus vereadores que eu nunca sonhei conhecer às vezes pedem café comigo. Pedem pelo amor de Deus para eu não fechar com você, para você não ficar absoluto. Porque você não divide o pão com ninguém'”, relatou.

Apesar da potencial disputa, Paes estabeleceu pontes com o próprio Bacellar. Entregou a ele o comando do PSD em Campos dos Goytacazes, base eleitoral do presidente da Assembleia, mesmo sem o apoio do União Brasil na capital.

Estratégia semelhante foi negociada com lideranças políticas da Baixada Fluminense, incluindo alianças com apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Em Nova Iguaçu, o PSD vai apoiar a candidatura de Dudu Reina (PP) para atender a pedido do deputado federal Doutor Luizinho (PP). A vice da chapa será a irmã do líder do PP na Câmara, Roberta Teixeira, filiada ao PL de Bolsonaro.

Em Duque de Caxias, Paes entregou o comando da sigla ao grupo político de Washington Reis (MDB) para apoiar a candidatura de Netinho Reis (MDB).

As duas candidaturas são adversárias da base do presidente Lula (PT) na Baixada Fluminense. Em Duque de Caxias, o ex-prefeito José Camilo Zito (PV) recorreu, sem sucesso, ao PT para pressionar Paes a apoiá-lo na cidade.

Paes caminha com o PT em outras cidades consideradas estratégicas. Em São Gonçalo, segundo maior colégio eleitoral do estado, vai apoiar o deputado Dimas Gadelha (PT). Em Belford Roxo, vai integrar a base de Matheus do Waguinho (Republicanos), sobrinho do prefeito Waguinho (Republicanos), aliado de Lula.

O foco das negociações, porém, é a capital. Uma vitória no primeiro turno é vista como um trunfo para demonstração de força política —Paes tem 53% das intenções de voto no Rio de Janeiro, segundo pesquisa do Datafolha.

Apesar do favoritismo, o prefeito encontrou dificuldade em atrair partidos do centro e da direita para sua candidatura na capital. Ele abriu negociações com PP, União Brasil, MDB e Republicanos.

Os dois primeiros decidiram ter candidatura pró pria. O MDB e Republicanos decidiram apoiar Ramagem, mas com dissidências pró-Paes.

O Republicanos chegou a fechar um apoio com Paes. Contudo, a aliança foi rompida de forma conflituosa, reforçando a imagem que o prefeito tenta desfazer entre as demais lideranças políticas fluminenses.

“O verdadeiro motivo da nossa saída está na não realização dos compromissos assumidos com o partido quando aceitamos firmar a aliança. Filiações de candidatos à legenda não foram efetuadas, nomeações ocorreram de forma esparsa, e muitas ficaram travadas. Obras prometidas não foram iniciadas, sem garantia de execução, impactando negativamente nossa chapa de vereadores”, afirmou o Republicanos-RJ, em nota.

A sigla negociou apoio a Ramagem por meio do ex-deputado Eduardo Cunha, presidente do diretório da capital. Contudo, o presidente estadual do Republicanos, Waguinho, já declarou apoio a Paes.

Enquanto articula as alianças, Paes também usa a estrutura da prefeitura para ampliar a exposição de sua gestão para fora da capital.

O município abriu este ano um edital de R$ 30 milhões para patrocinar até 180 eventos em 22 cidades da região metropolitana. As cotas de patrocínio são de R$ 25 mil até R$ 500 mil.

A seleção, em fase final, está a cargo da Secretaria Especial de Integração Metropolitana, criada em 2021 por Paes.

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De acordo com levantamento do gabinete do vereador Pedro Duarte (Novo), as nomeações da pasta quadruplicaram entre maio e outubro de 2022, ano eleitoral. Entre os indicados, estavam políticos de outras cidades. Naquele ano, o edital de patrocínio para eventos foi de R$ 10 milhões —um terço do atual investimento.

“Essa secretaria foi criada com o objetivo de influenciar as eleições em outras cidades e, assim, preparar terreno para 2026, quando ele próprio deve se candidatar ao cargo de governador”, disse o vereador.

“Venho denunciando a criação na pasta de um cabide de empregos, com altos salários pagos a aliados de outras cidades, além do financiamento milionário de eventos fora da capital. Esse é um projeto pessoal do Paes que está custando caro para a população do Rio.”

Em nota, a prefeitura afirma que, por meio da secretaria, “ganha capilaridade, dialoga com cidades vizinhas e gera novos projetos e programas para o cidadão”.

“A secretaria foi criada com objetivo de promover a integração metropolitana para incentivar e promover políticas de desenvolvimento urbano sustentável, de abrangência metropolitana, para ações de planejamento urbano e habitação; mobilidade urbana; meio ambiente e saneamento; e desenvolvimento econômico e social”, diz a nota.

6 ago

Eduardo Paes vive teste como líder partidário mirando disputa estadual

As eleições municipais deste ano viraram um teste para o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), como liderança partidária na articulação da sigla no estado.

Paes conduz as negociações do PSD visando sua reeleição na capital, mas tem buscado definir apoios que criem pontes para uma eventual candidatura ao governo estadual em 2026.

Ele afirmou nesta segunda-feira (5) que cumprirá todo o mandato caso seja reeleito. Contudo, a disputa pela Palácio Guanabara não está fora do radar. A própria estrutura da prefeitura tem desempenhado papel na ampliação de sua atuação.

Esta é a primeira eleição municipal na qual Paes comanda discussões partidárias. Nas disputas anteriores, pelo MDB e DEM, o prefeito tinha outras lideranças que tomavam a dianteira desse papel. Neste ano, é dele a palavra final nas negociações, algumas travadas pelo deputado Pedro Paulo (PSD), seu braço direito e presidente do PSD-RJ.

A principal dificuldade de Paes nas articulações é desfazer a imagem entre as lideranças políticas fluminenses de que é pouco confiável no cumprimento de acordos e que resiste a abrir espaços relevantes para nomes de fora de seu grupo.

A escolha do ex-secretário Eduardo Cavaliere para a vice, deixando Pedro Paulo fora da vaga, reforçou a imagem ruim entre políticos fluminenses. A avaliação de parte da classe é de que o prefeito abandonou o braço-direito de três décadas para evitar correr um risco considerado pequeno na candidatura à reeleição causado por um vídeo íntimo do deputado.

A desconfiança da política fluminense foi verbalizada à Folha em abril pelo presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União Basil), potencial adversário no pleito de 2026.

“Eu disse a ele [Paes]: ‘Nunca falei abertamente que eu quero disputar 2026, mas o cara que mais me coloca hoje como candidato é você’. Ele falou: ‘Por que isso?’. ‘Porque grande parte dos teus vereadores que eu nunca sonhei conhecer às vezes pedem café comigo. Pedem pelo amor de Deus para eu não fechar com você, para você não ficar absoluto. Porque você não divide o pão com ninguém'”, relatou.

Apesar da potencial disputa, Paes estabeleceu pontes com o próprio Bacellar. Entregou a ele o comando do PSD em Campos dos Goytacazes, base eleitoral do presidente da Assembleia, mesmo sem o apoio do União Brasil na capital.

Estratégia semelhante foi negociada com lideranças políticas da Baixada Fluminense, incluindo alianças com apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Em Nova Iguaçu, o PSD vai apoiar a candidatura de Dudu Reina (PP) para atender a pedido do deputado federal Doutor Luizinho (PP). A vice da chapa será a irmã do líder do PP na Câmara, Roberta Teixeira, filiada ao PL de Bolsonaro.

Em Duque de Caxias, Paes entregou o comando da sigla ao grupo político de Washington Reis (MDB) para apoiar a candidatura de Netinho Reis (MDB).

As duas candidaturas são adversárias da base do presidente Lula (PT) na Baixada Fluminense. Em Duque de Caxias, o ex-prefeito José Camilo Zito (PV) recorreu, sem sucesso, ao PT para pressionar Paes a apoiá-lo na cidade.

Paes caminha com o PT em outras cidades consideradas estratégicas. Em São Gonçalo, segundo maior colégio eleitoral do estado, vai apoiar o deputado Dimas Gadelha (PT). Em Belford Roxo, vai integrar a base de Matheus do Waguinho (Republicanos), sobrinho do prefeito Waguinho (Republicanos), aliado de Lula.

O foco das negociações, porém, é a capital. Uma vitória no primeiro turno é vista como um trunfo para demonstração de força política —Paes tem 53% das intenções de voto no Rio de Janeiro, segundo pesquisa do Datafolha.

Apesar do favoritismo, o prefeito encontrou dificuldade em atrair partidos do centro e da direita para sua candidatura na capital. Ele abriu negociações com PP, União Brasil, MDB e Republicanos.

Os dois primeiros decidiram ter candidatura pró pria. O MDB e Republicanos decidiram apoiar Ramagem, mas com dissidências pró-Paes.

O Republicanos chegou a fechar um apoio com Paes. Contudo, a aliança foi rompida de forma conflituosa, reforçando a imagem que o prefeito tenta desfazer entre as demais lideranças políticas fluminenses.

“O verdadeiro motivo da nossa saída está na não realização dos compromissos assumidos com o partido quando aceitamos firmar a aliança. Filiações de candidatos à legenda não foram efetuadas, nomeações ocorreram de forma esparsa, e muitas ficaram travadas. Obras prometidas não foram iniciadas, sem garantia de execução, impactando negativamente nossa chapa de vereadores”, afirmou o Republicanos-RJ, em nota.

A sigla negociou apoio a Ramagem por meio do ex-deputado Eduardo Cunha, presidente do diretório da capital. Contudo, o presidente estadual do Republicanos, Waguinho, já declarou apoio a Paes.

Enquanto articula as alianças, Paes também usa a estrutura da prefeitura para ampliar a exposição de sua gestão para fora da capital.

O município abriu este ano um edital de R$ 30 milhões para patrocinar até 180 eventos em 22 cidades da região metropolitana. As cotas de patrocínio são de R$ 25 mil até R$ 500 mil.

A seleção, em fase final, está a cargo da Secretaria Especial de Integração Metropolitana, criada em 2021 por Paes.

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De acordo com levantamento do gabinete do vereador Pedro Duarte (Novo), as nomeações da pasta quadruplicaram entre maio e outubro de 2022, ano eleitoral. Entre os indicados, estavam políticos de outras cidades. Naquele ano, o edital de patrocínio para eventos foi de R$ 10 milhões —um terço do atual investimento.

“Essa secretaria foi criada com o objetivo de influenciar as eleições em outras cidades e, assim, preparar terreno para 2026, quando ele próprio deve se candidatar ao cargo de governador”, disse o vereador.

“Venho denunciando a criação na pasta de um cabide de empregos, com altos salários pagos a aliados de outras cidades, além do financiamento milionário de eventos fora da capital. Esse é um projeto pessoal do Paes que está custando caro para a população do Rio.”

Em nota, a prefeitura afirma que, por meio da secretaria, “ganha capilaridade, dialoga com cidades vizinhas e gera novos projetos e programas para o cidadão”.

“A secretaria foi criada com objetivo de promover a integração metropolitana para incentivar e promover políticas de desenvolvimento urbano sustentável, de abrangência metropolitana, para ações de planejamento urbano e habitação; mobilidade urbana; meio ambiente e saneamento; e desenvolvimento econômico e social”, diz a nota.

5 ago

Projeto leva alegria dos festejos juninos aos abrigos de idosos do DF

Levar alegria, cultura e brilho das tradições das festas juninas aos idosos em casas de longa permanência. Foi com esse objetivo que os brincantes da quadrilha Mala Véia, a mais antiga em atividade no Distrito Federal, percorreram institutos e organizações filantrópicas da capital com apresentações e vivências culturais entre os meses de julho e agosto deste ano. Ao todo, 210 idosos foram contemplados nas instituições Bezerra de Menezes (Sobradinho), Lar dos Velhinhos Maria Madalena (Núcleo Bandeirante), Casa da Vovó (Plano Piloto), Associação São Vicente de Paulo (Taguatinga), Casa do Candango (Sobradinho) e Vila do Conde (Arniqueiras). A última ação ocorreu no último sábado (3/8).

“O nosso principal objetivo foi proporcionar alegria e entretenimento aos idosos que estão acolhidos nessas instituições. Essas ações foram muito gratificantes. Os residentes nos receberam com muito carinho, alegria e entusiasmo. Acho que as danças e as músicas típicas dos festejos juninos despertaram as memórias e proporcionaram momentos de diversão e descontração. Acredito que conseguimos cumprir a nossa missão de promover a interação social, vivenciar a cultura popular e contribuir para o bem-estar emocional dessas pessoas idosas”, relatou o idealizador do projeto e presidente da quadrilha Mala Véia, Stéfano Felipe Borges.

A ação foi realizada pelo Instituto Latinoamérica, em parceria com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa e o Governo do Distrito Federal (GDF). Além das apresentações, os idosos participaram de encontros de saberes sobre o movimento junino, que foram conduzidos pela educadora social Rosilda Flor. “Para todos nós, foi um grande desafio. Quando chegamos, tínhamos em mente uma coisa, mas quando fomos fazer, nos deparamos com várias vertentes. Tivemos contato com idosos com pouca mobilidade e algumas dificuldades de memória, e o grande desafio foi como chegar e falar para essas pessoas. Gente com tanta vivência, bagagem e vida. Tocamos essas pessoas através do amor, compreensão, carinho e cuidado. A cada casa visitada, sentimos a recepção carinhosa através do olhar e do toque das pessoas”, explicou Rosilda.

Ações que aqueceram o coração. Após participar da ação, os brincantes destacaram os sentimentos que tiveram com a troca. “Como quadrilheira, foi ótimo interagir com esse público. Sentimos de perto a alegria deles ao nos verem dançando para eles e com eles. Para a gente, foi muito emocionante ver que o projeto cumpriu com o dever”, destacou a quadrilheira Elidiane Borges.

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“Foi uma felicidade enorme e uma honra levar a cultura do movimento junino para os idosos, que às vezes não têm muita autonomia para estar lá presentes, para vislumbrar o que é o movimento junino, o que são os festivais e o que os temas podem tratar. Eu acho que o movimento é isso. A cultura é isso. É sobre transpassar qualquer barreira, seja de idade, localidade ou logística. Levamos o amor, a paz, a união e os valores através da cultura”, afirmou o noivo da Mala Véia, Ramon.

“Eu acredito que um projeto como este faz total diferença na vida das pessoas. Eu acho que deveria haver mais esse olhar de cuidado com o próximo e de levar a dança. A gente está acostumado a dançar nos arraiais e a estar no movimento junino, e não tem esse olhar para fora. Foi uma experiência muito linda e incrível. Amei participar. Com certeza, saímos com um olhar diferente. Com pensamento diferente e olhar para a inclusão. Neste projeto, vivenciamos na prática o que é inclusão”, refletiu o quadrilheiro Genilson da Conceição.

“Foi, de longe, uma das coisas mais maravilhosas que a Mala Véia fez em 2024. Ver o sorriso dos idosos foi surreal de bom, e ter o contato próximo foi incrível. Espero que possamos fazer mais isso”, concluiu o quadrilheiro Diogo Gomes.

Ao final das apresentações, os idosos também foram convidados a participar da quadrilha e puderam sentir a emoção dos festejos juninos. “Todo mundo tem direito de dançar e de se alegrar. Quando a gente chegava e perguntava se queriam dançar, alguns diziam ‘não posso, porque não levanto’, mas isso não foi problema; os nossos dançarinos iam até lá e incluíam essas pessoas, conduzindo-as. Entre tantos depoimentos, teve o de uma senhora que me tocou muito. Ao final da apresentação, ela disse: ‘Depois de tantos anos, eu até dancei’. Isso enche os nossos corações de amor”, compartilhou a educadora Rosilda Flor.

A quadrilha Mala Véia foi criada em 1980 em Ceilândia com a intenção de resgatar, vivenciar e divulgar a cultura popular nordestina em Brasília. O grupo traz na essência uma temática estilizada, que desenvolve a sua dança de quadrilha junina de forma contextualizada, em que os passos têm seu significado para o tema adotado. Atualmente, o grupo conta com 35 casais e 20 pessoas na equipe de apoio.

Ao longo de sua trajetória, a Mala Véia já conquistou diversos títulos, sendo três vezes campeã do Distrito Federal pela Liga de Quadrilhas Juninas do Distrito Federal e Entorno (LinqDFE), campeã do concurso SEST/SENAT 2005, do concurso regional de Brasília, evento promovido pelo SESI e Rede Globo em 2001, e já conquistou o título de Campeã do Brasil pela Confederação Brasileira de Entidades Juninas, em 2006.

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2 ago

Em evento do TCDF, autoridades debatem implementação da tarifa zero no DF

O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) debate a implementação da tarifa zero no transporte público durante o Encontro Nacional de Controle Externo em Mobilidade Urbana (EnceMob), realizado entre 29 de julho até hoje (1º de agosto). No terceiro e último dia do evento, foram apresentadas experiências de municípios que adotaram a gratuidade no transporte público.

Na quarta-feira, o evento contou com a presença de Celso Haddad Lopes, presidente da Empresa Pública de Transportes (EPT) de Maricá-RJ, e de Carlos de Carvalho, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). As apresentações foram mediadas por Marcelo Balbio, secretário-geral de Controle Externo do TCDF.

Celso Lopes destacou que a tarifa zero deve ser considerada um direito social essencial para quem depende do transporte urbano. Ele compartilhou a experiência de Maricá, que implantou o modelo há uma década, e afirmou que serviços públicos como moradia, educação, saúde e transporte devem ser vistos como investimentos, não apenas como gastos públicos.

O presidente da EPT de Maricá também enfatizou que a implementação da tarifa zero no Distrito Federal não deve ser feita de forma abrupta e universal. Segundo ele, é necessário um planejamento detalhado e estudos prévios para garantir um crescimento gradual e sustentável.

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30 jul

Prometido há décadas, projeto de metrô para Niterói e São Gonçalo emperra novamente; entenda

O ambicioso projeto de expansão do metrô do governo do estado deu marcha a ré. O Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) determinou o cancelamento da licitação, já realizada, para contratar estudos de viabilidade para a Linha 3, por suspeita de irregularidade. O projeto prevê saídas da Praça Quinze, no Rio, com passagem pela Praça Arariboia, em Niterói — passando sob as águas da Baía de Guanabara —, e chegada a São Gonçalo. Além disso, haveria um novo trecho entre o Jardim Oceânico, na Barra, e o Recreio dos Bandeirantes.

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Caso Anic: Advogada está desparecida há cinco meses; Justiça cita suspeitos Covid-19: Prefeitura do Rio amplia vacinação contra Variante XBB até sábado

O secretário estadual de Transporte e Mobilidade Urbana, Washington Reis, que anulou a licitação, afirmou, nesta segunda-feira, que o edital será relançado, atendendo às exigências do órgão de controle.

— As irregularidades encontradas foram técnicas. Nos baseamos na Lei 8.666, que foi revogada no fim do ano, e não na nova legislação — alega Reis.

O TCE, no entanto, afirma que foram encontrados erros na preparação do processo. O primeiro deles é a “ausência de exigência de que as empresas comprovem capacidade com a tecnologia BIM”. Isto é a Modelagem de Informação da Construção (BIM), “um processo colaborativo baseado em modelos tridimensionais inteligentes que abrangem a criação, o gerenciamento e o compartilhamento de informações sobre um projeto de construção”.

O documento aponta ainda o orçamento estimado sem parâmetros; a inexistência de cronograma físico-financeiro; e procedimentos de medição genéricos.

Por nota, a Secretaria de Transporte e Mobilidade Urbana (Setram) diz que os pontos citados pelo TCE-RJ são “voltados ao tipo de licitação, ao procedimento e à instrução processual”. E que “o processo licitatório atendeu todos os aspectos legais, com total transparência, e contou com a participação de 12 empresas reconhecidas no mercado nacional e internacional”.

Mais recente Próxima Covid-19: Prefeitura do Rio amplia vacinação contra Variante XBB até sábado

29 jul

Yuri Alberto se aproxima de ano mais goleador na carreira

É verdade que Yuri Alberto não é uma unanimidade no Corinthians. Contudo, a desconfiança não apaga a boa temporada que o atacante vem fazendo no Parque São Jorge. Contra o Atlético-MG, na derrota por 2 a 1 no domingo (28), na Arena MRV, pelo Brasileiro, o camisa 9 marcou pelo segundo jogo seguido e chegou a 16 gols em 37 partidas em 2024.

Assim, ele está a apenas três gols de igualar 2021 seu ano mais goleador. Nesta temporada, ele marcou 19 vezes em 55 embates com a camisa do Internacional. Além disso, Yuri Alberto tem a média de 0,43 gols por jogo, a melhor dele em toda a sua carreira.

Contudo, mesmo com números tão bons e vivendo momento especial na carreira, ele ainda segue recebendo algumas críticas da torcida. Muito por conta das grandes quantidades de chances perdidas nas últimas partidas. Após o duelo contra o Galo, Ramón Diaz fez questão de sair em defesa do centroavante.

“Quando eu jogava, gostava que o treinador me desse confiança, trabalhasse a mobilidade, ensinasse o que a equipe precisava taticamente. Foi incrível, Garro, Yuri e Romero jogaram com uma intensidade, uma disciplina tática incrível, que poucas vezes se vê com atacantes. Vou seguir dando confiança, ainda que as pessoas e os jornalistas o questionem. Esse é o grupo que temos, vamos seguir apojando, dando confiança”, disse o treinador.

Com Yuri Alberto como titular, o Corinthians volta a campo nesta quarta-feira (31),às 21h30, na Neo Química Arena, contra o Grêmio, pelas oitavas de final da Copa do Brasil.

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26 jul

Lula anuncia R$ 41,7 bi do Novo PAC para transporte, desastres e infraestrutura

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta sexta-feira (26/7) mais resultados do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Seleções, com obras somando R$ 41,7 bilhões em investimentos do governo federal.

Lula participa, com ministros e governadores, de solenidade no Palácio do Planalto. A nova leva do PAC inclui 872 propostas, em 707 municípios, sendo a maior parte de responsabilidade do Ministério das Cidades.

Os aportes são destinados a obras de metrô, BRT, VLT, abastecimento de água, esgoto, contenção de encostas, e construção de centros comunitários. Dos R$ 41,7 bilhões, R$ 41,24 bilhões são da pasta de Cidades, e R$ 460 milhões são destinados ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, para a construção de 30 Centros Comunitários pela Vida (Convive) espalhados pelo país, com objetivo de prover serviços públicos e reduzir a violência e criminalidade nos municípios.

No evento, estão presentes também os ministros Rui Costa (Casa Civil), Jader Filho (Cidades) e Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), além de governadores, como Raquel Lyra (Pernambuco).

Em discurso, Jader Filho deu destaque à prevenção de desastres, especialmente no Rio Grande do Sul. “Tudo que foi, 100%, daquilo que foi apresentado pelo estado e municípios do RS foi atendido na seleção do PAC”, disse o ministro. Segundo ele, serão destinados R$ 6,5 bilhões para o estado.

Ao todo, considerando todo Novo PAC, serão investidos R$ 1,7 trilhão em obras de infraestrutura no país até 2028.

Veja as áreas e valores contemplados na nova leva do Novo PAC Seleções:

Mobilidade Urbana – Grandes e Médias Cidades: R$ 9,9 bilhões

Prevenção a Desastres Naturais: Drenagem Urbana Sustentável – R$ 15,3 bilhões

Esgotamento Sanitário – Urbano – R$ 10,1 bilhões

Abastecimento de Água – Urbano – R$ 5,9 bilhões

CONVIVE – Centro Comunitário pela Vida – R$ 460 milhões

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